O dia em que o Jazz Panorama saiu do rádio e subiu no palco

O dia em que o Jazz Panorama saiu do rádio e subiu no palco

Desde 1987 o público alagoano tem hora marcada com o melhor do jazz. Levado ao ar pela Educativa FM, o Jazz Panorama foi criado por dois amigos aficionados pelo gênero musical que é fonte de inspiração e admiração por músicos no mundo inteiro. Juan Maurer e Imanoel Caldas compartilham seu conhecimento e discoteca com todos e de forma didática para quem está se iniciando nesse fascinante mundo musical. Como não poderia ser diferente, o Jazz Panorama cativou um grande número de fãs de várias gerações e segue vivo, inclusive extrapolando fronteiras, sendo veiculado também em rádios de outros estado do Brasil.

Na semana em que se comemora o dia mundial do Jazz, o público de Maceió foi brindado com uma noite mágica em que uma edição do programa foi feita ao vivo, com a presença de Juan Maurer como apresentador e um fantástico time de músicos que interpretaram grandes clássicos do jazz. No comando de Félix Baygon, um dos idealizadores e realizadores do evento, a banda do Clube do Jazz levou ao palco convidados muito especiais. Veja na galeria abaixo imagens desse encontro memorável.

 

Clube do Jazz e convidados

O Clube do Jazz é:
Félix Baigon (contrabaixo), Jarlandson Araújo (bateria), Jailson Brito (saxofone), Jiuliano Gomes (teclado).
Músicos convidados:
Chau do Pife (pífano), Ricardo Lopes (guitarra), Toni Augusto (guitarra), Júnior Bocão (guitarra), Franck Jolivet (guitare manouche), Ana Galganni (voz), Renata Peixoto (voz), Roni Ferreira (trombone), Beto Ferreira (trompete) e Mácleim Carneiro (voz)

Conheça o site do programa e escute algumas edições

 

A Maceió de rara beleza urbana nos desenhos de Léo Villanova

A Maceió de rara beleza urbana nos desenhos de Léo Villanova

Leo Villanova em meio às suas obras expostas durante a mostra ALas, na Galeria Gamma
 
 
14/06/2016 – Por Jorge Barboza

Em Alagoas, Léo Villanova é um nome forte como publicitário tanto quanto como chargista. Com incontáveis prêmios abocanhados pela agência de publicidade que ajudou a fundar, a Six – entre as maiores do Estado, senão a maior –, atualmente goza de notável prestígio como autor de impagáveis charges políticas. No jornal Gazeta de Alagoas, especialmente nesta época de “golpe de Estado brando” (aproveitando, fora Temer!), Villanova tece a crônica do desastre político brasileiro, alimentando, diariamente, as nossas esperanças e frustrações sociais, ah, Brazil…

Bem, o que conhecemos pouco, ainda, é o artista voltado ao desenho puro e simples – no caso, os desenhos da paisagem urbana de uma jovem Maceió, do início até a metade do século 20, expostos na capital, na galeria Gamma, à rua Luiz Ramalho de Castro, 899, bairro da Jatiúca. A exposição, chamada “ALas”, reúne também os fotógrafos Felipe Camelo, Joaquim Prado e Roberto Fernandes, além do colega chargista Ênio Lins. Estreou no final de abril, para uma temporada de um mês, e o público respondeu tão bem (o vernissage foi concorridíssimo) que a galeria decidiu adiar o encerramento da mostra, marcado inicialmente para o dia 28 de maio, prorrogando-o afinal para o sábado (25/06).

Na semana passada, a reportagem foi ao encontro de Villanova na galeria. Respondendo a uma inquirição que sugere que a capital era muito mais linda à francesa no início do século passado, diz que, se a cidade era “supostamente mais bonita e tranquila”, o motivo é que “não existia o caos que é o excesso de população hoje em dia”. “Esse é o problema maior aqui na cidade da gente. Por não ter sido planejada, Maceió criou esse inchaço.”

Avenida da Paz, início do século XX, em ilustração de Léo Villanova

Avenida da Paz, início do século XX, em ilustração de Léo Villanova

Ele explica o “desmantelamento” do patrimônio histórico da cidade, atribuindo esse fenômeno à transferência dos domicílios da região central para o litoral mais ao Norte. “As pessoas se mudaram de uma área da cidade para outra. A partir da década de 1970, passou-se a residir em outras áreas, como a faixa litorânea Pajuçara-Ponta Verde. Mas não existia planejamento – aquilo ali sofreu um surto, uma explosão.”

Léo Villanova é formado em Comunicação Social, mas, também, fez o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas. “Essas outras áreas da cidade, como o Centro, que é o que se vê retratado aqui, ficaram abandonadas. O centro comercial de Maceió a partir da década de 1990 foi esquecido.”

Praça dos Palmares no final da década de 1940, onde se localizava o Hotel Bella Vista, considerado por muito tempo a construção mais bela da cidade

Praça dos Palmares no final da década de 1940, onde se localizava o Hotel Bella Vista, considerado por muito tempo a construção mais bela da cidade

Pensando bem, não há mesmo nada na paisagem urbana atual que se compare em imponência e beleza ao extinto hotel ali na velha praça dos Palmares, o formoso e famoso Bela Vista, representando naqueles tempos a sobrepujança da capital alagoana mesmo diante da metrópole pernambucana, Recife, a 254 km de Maceió.

“A construção de hoje não é feita para durar muito tempo, a qualidade é outra, tudo tem de ser barato e que se adeque ao orçamento. E o orçamento ninguém sabe como é feito. A gente imagi-na que o orçamento destinado à construção pública poderia dar mais qualidade aos edifícios, porém, sabemos que os projetos originais são modificados.”

Retratado por Villanova, o hotel Bela Vista é um símbolo da capital na primeira metade do século 20, com uma arquitetura neoclássica a imitar as cidades europeias (Roma, Paris) e cuja imagem fotográfica, de dois anos para cá, circula ininterruptamente nas páginas do Facebook. Muitas fotografias dessa belle époque tardia maceioense viralizaram nas redes sociais e isso até apressou o passo do desenhista.

“Esse projeto de recuperar esse patrimônio, pelo menos de forma iconográfica, de arquitetura e patrimônio urbano da cidade, já é antigo. Na verdade, meu projeto era fazer uma coisa diferente. Mas, de três anos para cá, quando apareceram essas fotos, que ficaram circulando principalmente no Facebook, aí me deu essa vontade de fazer esses desenhos. Por quê? Eu vi que muitas pessoas foram acometidas dessa nostalgia e outras da curiosidade de saber o que era a cidade. Mas a qualidade dessas imagens que circulam é muito ruim para você ter noção de detalhe. E a tendência é cada vez que essas imagens forem se reproduzindo nesses meios, elas vão piorando na qualidade. Isso porque os sites fazem uma compressão muito alta e a qualidade vai sumindo – daqui a pouco, vai estar só um borrãozinho e você vai ter de adivinhar o que tem ali. E como esses sites serão os principais meios de divulgação dessas imagens, senti a necessidade de fazer esse resgate – me deu um desespero de querer fazer logo o trabalho. Porque vai ficar difícil de eu tentar achar os originais, informações, pessoas que tenham acervo.”

Praça D. Pedro II, Centro de Maceió, em meados da década de 1940

Praça D. Pedro II, Centro de Maceió, em meados da década de 1940

Para compor uma imagem, muitas vezes foi preciso utilizar mais de uma fotografia como modelo – “para conseguir informações iconográficas, de alguns detalhes”. E há, também, a pesquisa de outros elementos que Léo vai inserindo no desenho. Ele explica que os fotógrafos costumavam fazer esses registros aos domingos. “A cidade ficava vazia, por isso as lojas aparecem fechadas.” Foi assim que decidiu adicionar outros elementos ao desenho: os transeuntes, os carros, os clientes nas lojas, gente atravessando a rua, o passageiro acenando para o bonde parar.

“Tive de pesquisar o bonde dessa época e então inseri-lo. Depois fui pesquisar os carros. A pesquisa não pode ser aleatória, não posso colocar qualquer tipo de carro. Essa cena aqui, nos anos 1940 – tenho de saber quais os carros que vinham para Maceió. Eu sabia que aqui tinha Ford, mas tive de pesquisar as revendas que tinham. Trabalhei com livros, jornais da época, almanaques.”

Rua do Comércio, Centro de Maceió, retratada como existiu na década de 1940

Rua do Comércio, Centro de Maceió, retratada como existiu na década de 1940

O resultado é perfeito – uma Maceió viva no desenho mais do que na fotografia de domingo. Ainda serão rabiscados os bairros do Bebedouro, Farol, outros locais da região do Centro, o Jaraguá. “Há um fenômeno populacional da década de 1970 para cá. Hoje temos cerca de um milhão de habitantes – nos anos 1970 vamos dizer que tivesse menos da metade disso. Então a população que se estabeleceu na cidade, que nasceu depois e todo mundo que veio, que migrou para cá, não têm relação nenhuma com a cidade antiga. A história que é contada através desses prédios, desses monumentos, desses logradouros antigos não tem nada a ver com essa população que veio, que hoje vive na cidade.”

Segundo Villanova, a maioria das pessoas que viu os desenhos nessa exposição “não tem a menor ideia da localização dos pontos retratados”.

Então se liga, a exposição fica somente até o sábado. Se não der para levar um quadro (em média, R$ 3.500), o livro com as ilustrações virá na sequência. Daqui a, no mínimo, 32 fins de semana. É que, além das oito imagens que estão na mostra “ALas”, o artista planeja desenhar mais 32, e cada desenho desse ele o faz num final de semana. “Em alguns fins de semana ainda levo coisas da agência para casa, mas geralmente começo o desenho na sexta à noite e no domingo ele já está pronto.”

‘ALas’ – Exposição dos trabalhos dos fotógrafos Felipe Camelo, Joaquim Prado e Roberto Fernandes e dos chargistas e ilustradores Léo Villanova e Enio Lins. Até sexta-feira, das 14h às 19h, e no sábado (25/06/16), encerrando a mostra, das 9h às 13h.

Galeria Gamma – Avenida Luiz Ramalho de Castro, 899, Jatiúca. Tels. (82) 3377 3979 e 99920 6033.

Matéria publicada originalmente no portal cultural Alagoas Boreal em 14/06/2016.
 
 


Quando a maré não está para o pescador

Quando a maré não está para o pescador

Edvaldo mira o mar

 

Na sexta-feira , 19 de junho de 2015, a Prefeitura de Maceió deu por concluída a operação que extinguiu a Vila dos Pescadores, localizada na zona portuária do bairro de Jaraguá. O processo de desocupação vinha se arrastando há muitos anos. Numa fase anterior, no ano de 2007, famílias de moradores da comunidade foram cadastradas e posteriormente transferidas no ano de 2012, para um conjunto habitacional construído no bairro do Trapiche da Barra. Mesmo com essa transferência de moradores, nenhuma desocupação havia sido efetivada e Vila subsistiu. Quem resistiu alega que permanecer no local é questão de sobrevivência. Conversei com alguns dos moradores que ainda estavam dentro dos seus barracos, esperando o momento que o trabalho de demolição chegasse até eles. Um dos primeiros foi João Cavalcante, que se apressou em exibir a sua carteira de pescador profissional. Era morador da Vila há mais de 20 anos. Perguntei se ele não havia sido um dos contemplados com um imóvel no conjunto residencial no Pontal da Barra. Ele admitiu que sim, mas lá estavam morando a sua mulher e filha. Ex-mulher, ele corrigiu. Seu João ainda não sabia pra onde levar os objetos que mantinha no seu barraco e parecia não se dar conta que tinha menos de 24 horas para tomar uma atitude.

Valdevito Santos e Roberto Silva eram mais dois pescadores que pagaram pra ver a execução da ordem de desocupação dada pela Justiça. Se mostraram como provas de que a comunidade não era “um bando de maloqueiros ou traficantes” que muitos que viviam longe dali, segundo eles, acreditavam que fossem. Não tinham conhecimento nenhum do projeto da Prefeitura para a localidade. Também não tinham ideia de para onde ir. A preocupação imediata era arrumar um local para guardar um freezer que usavam para conservar pescados.

Um dos motivos que sempre vinha sendo alegado para a remoção é que a comunidade foi construída em terreno de Marinha. O pescador João insistia em perguntar por que só eles tinham que sair do terreno. “E o clube das lancha dos barão (sic)?”, indagava ele, se referindo ao Clube de Vela e Motor, que ocupa terreno vizinho à antiga Vila.

Na faixa da beira-mar da extinta Vila, há um acúmulo muito grande de lixo. Era também o receptáculo do esgoto da localidade. Esse é uma outra razão que oficialmente motivou a desocupação da área. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas atestou a insalubridade do local já que o aterro do cais do porto de Maceió funciona como uma barreira para que as marés renovem as águas daquela porção da enseada. O índice de contaminação é muito alto, declaram as autoridades. Estudiosos contradizem esses laudos afirmando que as marés conseguiriam, sim, levar as impurezas embora e que a causa real da contaminação do mar em Jaraguá está mais adiante, o poluído riacho do Salgadinho que deságua no oceano, nas proximidades do porto de Maceió.

Olhando para o cenário do mar castigado, encontrei Edvaldo Santos, na porta de um dos depósitos de pescado que serão, pelo menos por algum tempo, as únicas construções remanescentes da Vila dos Pescadores. Lá ainda ficará armazenada a produção que chega todo dia nos barcos, até que as novas instalações dos depósitos e pontos de venda de pescado que fazem parte do projeto de revitalização do local sejam construídas, segundo a Prefeitura. O olhar de Edvaldo, que me atravessava indo até o horizonte, não dava crédito nem descrédito às promessas, ele somente ele mirava o mar, a única coisa que ele tem absoluta certeza que vai estar lá amanhã.

Veja na galeria de fotos abaixo os últimos momentos dos personagens na Vila dos Pescadores de Jaraguá antes da sua completa remoção.


 

Cemitério de Trens de Uyuni é metáfora existencial

Cemitério de Trens de Uyuni é metáfora existencial

 

“Assim é a vida”. Este é um dos escritos mais marcantes que se pode ler nas carcaças dos trens abandonados em Uyuni. A atmosfera desse cemitério ferroviário no Altiplano Boliviano provoca devaneios e transforma muitos dos que o descrevem em filósofos ocasionais. É a decadência e o abandono, dois dos maiores temores do ser humano, em forma bruta e eloquente.

O Cemitério de Trens de Uyuni foi o ponto final de um surto de progresso que tomou a Bolívia entre o final do século XIX e início do século XX. Nesse período, uma linha férrea foi concebida pelo presidente Aniceto Arce, que vislumbrava trens transportando as riquezas do seu país como o estanho, prata e ouro até Antofagasta, antiga saída boliviana para o Pacífico. Os ingleses se associaram nessa empreitada e, em 1892, estava finalizada a construção do empreendimento da Antofagasta and Bolivia Railway Companies.

A primeira oposição que a linha férrea sofreu foi dos índígenas Aymarás. Eles viam a ferrovia como uma ameaça à sua sobrevivência e a sabotaram continuamente. Ainda assim, os trens bolivianos prosseguiram em sua linha, despejando riqueza no terminal de Antofagasta e voltando carregado de gente que queria fazer a vida na Bolívia, nem sempre com as melhores das intenções. Esse movimento seguiu até anos 1940, quando a prata boliviana já tinha enchido suficientemente muitos bolsos de estrangeiros, que, àquela altura, decidiram que era hora de explorar outros lugares mais rentáveis. A Bolívia também perdeu sua saída para o mar, com isso, o ponto final dos trens dos sonhos de Aniceto Arce ficou sendo Uyuni – para sempre.

Muitos turistas que chegam até a região de Uyuni para visitar a sua maior atração, o Salar, uma das paisagens mais surreais do planeta, sequer sabem da existência do cemitério de trens. Passam a conhecer por que a primeira parada de quase todas as excursões que partem para o deserto de sal é o local onde os trens estão abandonados. Eu recomendo que se você chegar a Uyuni um dia antes da excursão ao Salar, vá até o Cemitério de Trens num fim de tarde, horário em que não há quase nenhum turista. Bom momento para formular sua própria teoria filosófica existencial.

VEJA A GALERIA DE FOTOS DO CEMITÉRIO DE TRENS DE UYUNI

 

No mês do folclore, um giro pelos folguedos de Alagoas

No mês do folclore, um giro pelos folguedos de Alagoas

Agosto é o mês do folclore. Os alagoanos e turistas tiveram mais uma vez a oportunidade de estar em contato com representações dos principais folguedos populares do Estado, através de mais uma edição do Giro dos Folguedos, evento produzido pela Fundação Municipal de Ação Cultural, da Prefeitura de Maceió. Desde a sua criação, o Giro já circulou por vários pontos da cidade, tais como o Centro e a orla das praias de Pajuçara e Ponta Verde. Projetos como esse são fundamentais para a sobrevivência de alguns fenômenos da cultura alagoana.

Clique no botão abaixo para ver a galeria de fotos, e veja alguns dos grupos que se apresentaram em edições do Giro dos Folguedos, além de outras fotos que fiz no interior de Alagoas, onde ainda há a ocorrência de folguedos raros como a Dança de São Gonçalo, em Água Branca, e o Bando de Anadia.

VEJA A GALERIA DE FOTOS DO FOLCLORE ALAGOANO

 


 
 

Ocupação desafia as leis – inclusive da física

Ocupação desafia as leis – inclusive da física

Em todo o mundo os grandes centros urbanos são significado de oportunidades para qualquer um. É natural que quem precisa de emprego queira estar onde ele é mais abundante. Quem vive do comércio ou presta serviço, tem mais chance de prosperar onde haja mais público. Cidade grande é sinal de progresso e, na mente de muitos, isso tem a ver com bem estar. Mas, entre essa vontade de se estabelecer onde se imagina que a vida possa ser melhor e a realidade, existe uma lei que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar. Vários, então, nem pensar. Essa lei é menos aplicável ainda nos grandes centros urbanos do nosso país.

Há décadas que a falta de aplicação de políticas públicas nas grandes cidades e mais a negligência em se investir em habitação, transportes e saneamento fizeram com que esses centros se convertessem em ambientes refratários a quem quer a eles se agregar. Os booms imobiliários completaram a equação, fazendo com que a lei da física fosse ainda mais seletiva determinando qual tipo de corpo vai ocupar cada lugar. Mesmo assim existem as pessoas que insistem em buscar seu espaço no meio do caos. Um exemplo são os sem-teto que tentam se estabelecer em espaços relegados. A chance de isso dar certo é muito pouca, pois nas grandes cidades lugar vazio ou abandonado não significa ausência de dono.

Um grupo organizado de sem-tetos, expulsos de um terreno que haviam invadido no bairro de Santa Lúcia, em Maceió, passaram a ocupar prédios abandonados no Centro da cidade – os edifícios Ari Pitombo e Palmares que serviam ao INSS e foram esvaziados por que apresentam sérios danos estruturais. Até momento dessa postagem, cerca de 300 famílias vivem nesses prédios improvisadamente em meio à imensa quantidade de lixo, pondo  suas crianças em constante risco de morte, pois os fossos vazios dos elevadores não têm quase nenhuma proteção, há pouca água para ser dividida por todos e o pior: há o perigo do desabamento das construções. O movimento acredita que insistir na permanência ali vai fazer com que eles consigam, através da iniciativa pública, moradias mais dignas. É uma aposta que pode custar muito caro para eles.

Fui ver de perto a situação dessas pessoas e, como sempre, complemento meu testemunho com algumas das imagens que  captei lá.

VEJA A GALERIA DE FOTOS DA OCUPAÇÃO DOS SEM-TETO