Em roteiros e sugestões para visitantes a Havana, sempre há a recomendação para um passeio pelo Malecón. Visto de cima, pode-se descrevê-lo como uma serpente colossal de mais de 7 km na beira-mar da capital de Cuba. Às pistas para os veículos e mais o largo passeio para pedestres, une-se outro patamar mais baixo que eu deduzi ter sido há anos atrás um outro calçadão mais ao nível das marés, fazendo o papel da areia da praia que foi tomada pela construção. Mas me falaram também que essa proteção foi construída para proteger os banhistas dos ataques de tubarões. Esse nível inferior foi detonado pelo mar e deu forma a oportunas piscinas e pequenas plataformas onde as crianças se divertem, casais namoram desinibidamente ou os caras simplesmente ficam enchendo a cara de rum. Essas mesmas atividades também podem ser observadas no nível superior, com menos entusiasmo.
O sol quente de Havana e mais a massa de concreto e asfalto fervilhante não estava fazendo do Malecón o local de passeio mais aprazível para os turistas europeus, nem pra mim que achava que o sol do nosso Nordeste já tinha curtido meu couro por duas gerações. Por isso, nota-se que lá é um ponto de encontro muito particular dos habaneros. Nessa avenida há um grande número de construções sendo recuperadas ou reformadas. Dá pra prever que a feição do lugar vai mudar pois os antigos prédios irão se transformar brevemente em restaurantes, bares e lojas de griffe para atender a crescente demanda turística. É estranho ver que os quarteirões à beira-mar, que em qualquer outra cidade litorânea do mundo seriam zona nobre, são ocupados por um grande número de famílias que aparentemente são de classe menos abonada, ou que provavelmente empobreceram radicalmente juntamente com o país nas últimas décadas.
Me sugeriram que o pôr-do-sol no Malecón era um dos cenários mais fantásticos da cidade para ser fotografado. Claro que eu não ia perder esse clique. Laurinha fez o cálculo dos prós e contras da empreitada e ficou com um cochilo até a hora do jantar. Já eu, fiz o cálculo do tempo de caminhada até o inicio do Malecón, no Paseo del Prado e seis horas da tarde saí do hotel. 8 horas do que deveria já ser noite eu parei de avançar e comecei a voltar. Já tinha andado quase todo o Malecón e estava no bairro do Vedado com o sol ainda firme. Só meia hora depois ele começou a mergulhar no mar, mas o espetáculo foi decepcionante. Um nevoeiro na linha do horizonte acabou com minhas pretensões foto-artísticas. Outro dia refiz os cálculos e o resultado mais inteligente foi ver o pôr-do-sol de Havana do alto da cobertura do hotel, junto da minha mulher.
Léo: esse relato vai dar um livro, não vai?
Abraço,
Luiz Alberto.
Léo, que experiência fantástica! Você foi a trabalho ou a passeio? Tenho muita vontade de conhecer CUBA, ver de perto essa sociedade que, literalmente, parou no tempo, e poder ver também se esse povo é ou não é feliz.
Você está encaminhando esses “relatos” ao meu irmão Cássio? Garanto que ele irá adorar….é um dos sonhos dele em conhecer a “Terra de Fidel”.
Porra, Salão Vitória…quem na nossa geração não cortou o cabelo lá??? ah ah ah ah…só não sabia que eles também pararam no tempo….faz tempo que não passo por lá….
Parabéns pelo blog!
Abraços
Leo, Parabéns! Está muito bom! Tanto as fotos como os relatos!