Há 100 anos, Machu Picchu não é mais a Atlântida dos Andes

Há 100 anos, Machu Picchu não é mais a Atlântida dos Andes

 
Desde o seu abandono pelos incas, após a chegada dos conquistadores espanhóis no século XVI, Machu Picchu havia se transformado em lenda. A sua localização, ou mesmo existência, foi se tornando mais incerta a cada geração se passava. Há exatamente 100 anos atrás, a perseverança do arqueólogo norte-americano Hiram Bingham e grana investida na sua iniciativa pela Universidade de Yale e a National Geographic Society, fizeram com que a cidade saísse do terreno da fantasia e voltasse para o plano da realidade. O primeiro mérito de Bingham foi convencer alguns camponeses do Vale Sagrado a revelar a localização de uma suposta cidade perdida. Com a informação na mão, Bingham subiu 2400 metros por uma trilha deixada pelos incas, guiado, segundo contam, por um menino de 11 anos. Ao chegar no topo da montanha, o arqueólogo fez a maior descoberta de sua vida, e Machu Picchu deixou de ser uma espécie de Atlândida dos Andes.

Hoje pode-se subir até a cidadela de maneiras diferentes. Através dos ônibus que te levam desde a cidade de Machu Picchu Pueblo (antiga Águas Calientes) serpenteando a montanha ou pela antiga trilha Inca. Mas ao se chegar lá em cima, uma coisa certamente não mudou desde o tempo de Bingham: a surpresa e o encantamento que as ruínas da cidade causam. Dependendo da época do ano, esse momento de contemplação pode sofrer um choque de realidade, quando você se depara com a quantidade de turistas que o local atrai. Mas o governo peruano está dando um jeito de controlar esse fluxo. Agora só será permitida a entrada máxima de 2.500 pessoas por dia no sítio arquelógico. Um dos mecanismos de controle será o aumento da taxa cobrada para ingressar lá. É uma boa medida, pois, antes mesmo que Machu Picchu fosse eleita uma das maravilhas da humanidade, a grande massa de turistas já preocupava os responsáveis pela conservação do local. Agora, até o período de permanência tem limite: 2 horas, que é o tempo que o visitante tem para percorrer um circuito estabelecido. Nada mais de parar, sentar e contemplar. Ainda assim, a experiência deve continuar sendo inesquecível.

A base para os turistas que querem conhecer Machu Picchu é Cusco. Essa cidade fica numa altitude superior à cidadela inca – 3.400 metros acima do nível do mar. É comum ver gente passando mal já na descida do avião. Na recepção dos hotéis, os balões de oxigênio são mais úteis pra quem chega, que a conexão com Internet. Creio que 70% desse desespero é psicológico. De Cusco saem os trens para Águas Calientes. Mas recomendo que se desça até o belo Vale Sagrado por via rodoviária e se conheça outras cidades como Yucay e Ollantaytambo. Esta última também conserva um grande sítio arqueológico inca e tem uma estação de trem para Machu Picchu Pueblo. Mais que em qualquer outra viagem, o importante é planejar bem o roteiro no Peru, pois, assim como o Brasil, o país é repleto de atrações. O espírito de Hiram Bingham ainda ronda pelo Peru. Com certeza é ele que vai te provocar a sensação de que faltou descobrir muita coisa por lá e fazer voltar outro dia.

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